Neste post
venho refletir e compartilhar um pouco do que penso e, principalmente, do que
vivencio enquanto a nobre experiência de ser, sim isso mesmo, ser! Chamar de
dolorosa experiência pode soar um tanto pesado ou dramático demais, mas creio
que se aproxima do que sinto neste momento.
Não tenho a
pretensão de divagar filosoficamente sobre o tema, espero poder discorrer
minhas reflexões e sentimentos de maneira suave e clara, mas vou citar
brevemente a Filosofia Existencialista já que o próprio título aponta para essa
escola filosófica. Os queridos filósofos existenciais já abordavam a questão da
existência nos direcionando para temáticas sobre solidão, angústia, desespero,
pois nos colocam na condição de livres e responsáveis por nossas escolhas. O referencial
teórico foi apenas uma forma de nos ajudar a compreender o emprego da
experiência de ser enquanto dolorosa.
Penso agora no
meu trabalho, nas minhas relações interpessoais carregadas de afeto, na vida
que escolhi, no caminho que venho trilhando. Me vejo mergulhado nesta minha tal
experiência de ser, vivenciando-a com intensidade. Falo de um mergulho, pois
acredito na possibilidade da vivência da experiência num ponto mais
superficial, onde a intensidade é abrandada e, neste caso, talvez, não a
chamemos de dolorosa.
Fugir da
experiência de dor me parece ser um recurso bem utilizado em nossas relações. E
porque não considera-la uma bela opção? Quem gosta de sentir dor? Ressalta-se
que quando falo “opção” não digo a lógica escolha racional entre A ou B, falo
de uma construção íntima e pessoal de se estabelecer relações, um nível
psíquico nem tão claro a nossa experiência consciente.
Eis a questão:
viver na superfície da experiência de ser, sem dor ou mergulhar profundamente
na referida experiência, vivenciando-a plenamente, porém não sem dor? Não querendo
ser tendencioso, vou expressar porque mergulhei. Mergulhei porque a intensidade
da plena experiência vivida me faz mais completo. Mergulhei porque quando digo
que amo, amo verdadeiramente, sentindo “lá dentro” como costumamos dizer, tão
profundo que somatiza, ou seja, se reflete no corpo, falta o ar, o coração
dispara... É claro que quando se trata de experiências de perdas ou
frustrações, a intensidade também se faz presente e a dor igualmente profunda.
Especialmente sobre
o amor, Rubem Alves disse: “Toda experiência de amor traz, encolhida no seu
ventre, à espera, a possibilidade de sofrer. Assim a receita para não sofrer é
muito simples: basta matar o amor”. Penso
que se não mergulho na minha experiência de ser, se fico na superfície fugindo
da dor, eu mato não somente o amor, mas a possibilidade da experiência de ser,
de ser verdadeiramente, plenamente e intensamente eu.